Brasil. E daí? Lamento

Economia: Por Davi Carneiro*

Crise de saúde, crise econômica, crise política, crise, crise e crise. O Brasil consegue se superar sempre quando o quesito é confusão e caos. Desde o “triplex não é meu” até o “e daí?”, o país fica em um constante fogo cruzado de políticos e seus egos, e quem sempre paga a conta é o povo. Mas afinal, o que está acontecendo com o Brasil?

Mas como em toda análise, o correto a se fazer é dar um passo para trás e analisar a situação como um todo, o que aconteceu, como aconteceu, quando aconteceu. E apesar da confusão, não é tão difícil descobrir porque o Brasil está assim. E para isso precisamos voltar algumas décadas.

A ditadura Getúlio Vargas, o ditador mais amado pela esquerda. Muitos amam, muitos odeiam. Mas a verdade é que foi em Vargas que o Brasil começou sua jornada para ser o que é hoje. Getúlio inspirou-se em Bismarck, o pai do fascismo, em muitas ações durante seu governo, mas a mais devastadora dela foi a moldagem da mentalidade no longo prazo. Vargas mudou o modo de pensar da população através de muitas ações, CLT, educação e saúde pública. Ele criou um sentimento de dependência do estado, como se as pessoas precisassem do estado para protegê-las e assim conseguir o progresso e o bem-estar.

Podemos ver isso hoje, a maioria dos políticos usa a muleta do “vamos investir em saúde e educação”, a maioria das pessoas consideram esses como direitos de todos os cidadãos, e que o estado deve disponibilizar esses direitos. Vargas conseguiu iniciar uma era de estatismo no país, uma era totalmente paternalista. A partir daí, com a mentalidade da população sendo totalmente moldada pelos governantes, e a democracia foi seguindo seu caminho natural, e assim os piores foram chegando ao poder.

De ditadura varguista para a ditadura militar, até os mais de dez anos de governo petista, o status quo sempre foi o mesmo. Um governo paternalista para proteger a população dos males que a ameaça. Na ditadura a ameaça era o comunismo, no governo petista a ameaça era a exploração. O discurso sempre foi o mesmo, o modus operandi idem. Políticos utilizam a máquina estatal para ganhar poder e dinheiro, com base em discursos estatistas e em ações paliativas.

E em ações paliativas, exemplo é o que não falta. Mas todas seguem o mesmo caminho: fazer alguma medida que “resolva” o problema por agora, e quando essa conta chegar, o próximo governo recebe a culpa e o político que realmente foi responsável por isso fica com o discurso de “no meu governo não tínhamos isso”. É o que o PT faz hoje. Lula e Dilma criaram uma imensa bolha e vários outros problemas estruturais no país, a bolha estourou durante o governo Bolsonaro, e o Partido dos Trabalhadores se aproveita disso para fazer autopromoção.

Há mais de 50 anos o Brasil vive uma era de políticos recheados de ego, que se importam apenas com eles mesmos. Fazendo uma analogia, a relação entre estado e povo no Brasil é a mesma relação entre traficante e viciado. No qual o traficante torna o viciado seu dependente, e através disso o explora. O que mais há hoje são dependentes de políticos, sejam eles petistas, bolsonaristas, apoiadores do Ciro Gomes ou até mesmo apoiadores do MBL.

O causador de todos os problemas do país foi o governo. Medidas populistas, bem-estar empresarial, corporativismo, atrapalhar a economia, etc. Mas se tem algo que o ditador Getúlio Vargas conseguiu fazer perfeitamente, foi mudar o pensamento da população, para que ao invés de abominarem seus atos, ela os aplaudisse. E o culpado? O comunismo, o capitalismo, os EUA, a China, as pessoas que estão a favor da quarentena. Os políticos sempre escolhem alguém para culpar. E quando não conseguem pensar rápido o suficiente para inventar uma desculpa, eles simplesmente fogem e falam “perguntem para o Paulo Guedes”.

A situação atual do Brasil não é nada surpreendente. Afinal, teria como esperar algo diferente? Ora, vivemos em um país no qual os próprios corruptos fizeram as leis por quais serão julgados. Vale lembrar alguns dos políticos que participaram da Constituinte: Lula, José Serra, Aécio Neves, Renan Calheiros, Michel Temer, entre vários outros. Eles criaram a regra do jogo do qual eles vão participar, seria utopia esperar um resultado diferente.

Crise de saúde, crise econômica, crise política, crise, crie e crise. Muita coisa está acontecendo, mas todas fazem parte de um todo muito maior. O problema é um só. E enquanto isso não mudar, não espere qualquer outro tipo de mudança nessa situação.

*O texto é de responsabilidade do autor.

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