Economia: Por Davi Carneiro*
Com o confinamento em época de pandemia, as pessoas precisam se adaptar para continuar suas vidas agora dentro de casa, quem pode fazer home Office o utiliza para não parar seu trabalho, quem consegue estudar a distância assim faz com seu ensino. Isso nos escancara alguns problemas também, como a ineficácia da saúde provida pelo estado, e agora, nos mostra o que todos já sabiam: o estado é incapaz de promover educação de qualidade.
O estado, através do MEC, regula e determina como será a educação no Brasil, seja ela na parte pública, e inacreditavelmente até nas escolas privadas. Através disso o governo controla o conteúdo ensinado, a carga horária, as matérias, as vertentes, regras da escola e até o que pode ser comercializado ou não nos colégios, inclusive regulamentando o que pode ser vendido na merenda.
Isso gera uma situação em que todos ficam à mercê do estado, todos de mão amarradas dependendo do governo ditar o que será ou não feito. E como se sabe na economia, é impossível um estado ter um planejamento melhor do que o próprio empreendedor privado, mesmo o governante sendo também empreendedor. Isso ocorre porque, logicamente, quem sabe o que é melhor para sua empresa é o próprio dono, não um político em Brasília. E assim ocorre também na educação, é impossível o estado criar um sistema único que seja eficiente para todas as escolas do Brasil.
E a pandemia vem nos mostrando isso através do EAD. As escolas públicas estão travadas sem saber o que fazer, enquanto outras, como as do governo estadual de Minas Gerais, recebem apostilas que, como o programa MGTV mostrou na tarde do dia 09/06, continham vários erros gramaticais e até históricos. O problema vai além, como o estado vai garantir uma solução em EAD para uma escola da zona sul do RJ e ao mesmo tempo para outra no interior do Piauí? Não faltam relatos de estudantes que moram no interior e, por causa do EAD, precisam se deslocar de suas casas todos os dias para ter acesso à internet. E o isolamento social? Fica para próxima, pelo visto.
Isso nos mostra que é impossível uma escola pública de uma região nobre em uma grande cidade ter o mesmo planejamento do que uma escola do interior em uma cidade pequena, pois é impossível igualar os meios. Por mais que o governo feche os olhos para isso, infelizmente ainda há milhões de brasileiros pobres e que sequer têm acesso à internet. Mas por causa de uma lei criada por políticos, eles terão que cumprir a mesma carga horária e competir com os mesmos estudantes que, por causa do sistema, tiveram melhores oportunidades de ensino.
Não estou aqui contra o EAD, afinal esse tipo de ensino tem se mostrado há anos bastante eficaz para quem pode e está disposto a fazê-lo, contudo, empurrar obrigatoriamente o ensino à distância não resolverá, pelo contrário, irá apenas aumentar o problema. Mesmos as escolas particulares que podem proporcionar o EAD, conseguem ter sua eficiência atrapalhada pelas regulamentações do MEC, que absurdamente interfere nas políticas de escolas privadas determinando conteúdos e até carga horária. Isso não apenas impede o ensino de melhorar sua qualidade, como o torna mais caro e inacessível para mais pessoas.
O que deveria ser feito? O estado deveria aproveitar essa oportunidade escancarada de desativar o MEC, deixando a educação para pessoas que trabalham nela, que entendem de ensino. Deixar livre para empresas investirem em escolas, tornando-as mais baratas e até gratuitas, como, por exemplo, a grande Khan Academy, ou até mesmo as escolas do Beautiful Tree, que são privadas e gratuitas. Com uma educação livre, sem regulamentação de qual matéria ter, ou de carga horária anual, seria possível uma evolução no ensino do país, permitindo investimentos em áreas mais carentes, além de uma gestão de crise infinitamente melhor da ineficiente atual, na qual ninguém sabe o que fazer e os estudantes saem prejudicados.
Com a liberação da educação, poderíamos ter escolas ensinando da maneira que acharem melhor, com cargas horárias definidas por elas, matérias e conteúdos escolhido por elas. Uma liberdade e evolução na educação descomunal, na qual escolas do interior não teriam que passar inúmeras dificuldades para atender ao que uma escola de cidade grande pode proporcionar por causa de uma regra do MEC que regula da mesma maneira ambas as escolas. A liberdade da educação não é apenas uma questão econômica, mas uma questão humana, tornando-a não apenas democrática, como algo que não infrinja os direitos naturais de cada cidadão.
Para encerrar deixo uma pergunta aos leitores, uma pergunta sobre educação e ensino domiciliar, que hoje ainda é proibido no Brasil. Os pais, os professores, os responsáveis pelos jovens e crianças, não podem decidir como educar os filhos, mas podem votar em quem vai decidir como será a educação? Enquanto o sistema educacional não mudar, problemas, como o que vivemos nessa pandemia, serão apenas mais um entre tantos problemas comuns da educação do Brasil. Para melhorar é preciso mudar, isso é inevitável.
PS; deixo registrado aqui meu agradecimento e parabéns a todos os professores, que em meio a tanta dificuldade, ainda continuam lutando e fazendo seu grande trabalho. Obrigado a todos os professores, vocês são grandes soldados na luta por um país melhor.
“Por trás de todo grande personagem da história, há sempre um grande professor” – Carlos H. Biagolini.
Nota: “estado” foi escrita dessa maneira propositalmente, já que “sociedade” e “indivíduo” também se escrevem com suas iniciais em minúsculo.
*O texto é de responsabilidade do autor.