A nota de 200 reais e a crise brasileira

Economia: Por Davi Carneiro*

Recentemente o Banco Central anunciou a criação da nota de duzentos reais, uma notícia um tanto quanto surpreendente, mas que revela aquilo que todos já sabiam: o país está em crise.

A priori, a criação de um novo valor de cédula não resulta em inflação, como muitos suspeitam, mas revela que já existia uma inflação anteriormente. O que aconteceu realmente é que, ao longo dos anos, o Banco Central veio expandindo a base monetária brasileira, ou seja, criando mais crédito do nada. Isso aumentou a oferta de crédito, o que fez com que seu valor diminuísse, lei de oferta e demanda básica. Com a diminuição de seu valor, os preços subiram, já que um valor x de real valia menos do que antes, resultando em inflação.

Com isso, é possível notar que a criação de uma nova nota não gera inflação, mas a inflação gera a necessidade de uma nova nota, pois ela já está tão alta que é mais fácil existir uma cédula de 200 reais. E isso vem de encontro com a justificativa do BC para essa criação, de que haveria muita demanda para pouco papel moeda.

Em parte, essa justificativa está correta, mas ela erra em falar que a culpa dessa demanda é a pandemia do coronavírus. Como já vimos anteriormente, a pandemia apenas adiantou um problema que já era inevitável de acontecer. O estado veio ao longo dos anos criando crédito através de reserva bancária fracionária, que, em resumo, funciona como um esquema de pirâmide. O crédito falso gerado pelo BC existe apenas digitalmente, não há lastro físico de sua existência, e quando as pessoas precisam sacar, seu dinheiro não existe.

Assim ocorreu a falta de cédulas. O estado gerou crédito do nada, a oferta de real subiu, a moeda se desvalorizou, houve inflação, a crise começou a chegar, as pessoas para se protegerem decidiram sacar seu dinheiro, mas esse dinheiro não existia, então o governo precisou imprimir mais dinheiro. E a inflação foi tamanha que o estado achou conveniente a criação de uma nota de duzentos reais. A inflação causou a nota, não a nota causou inflação.

É isso que acontece quando se tem um estado que controla a economia, e o principal, um estado que controla a moeda. O real, desde seu início, é marcado por políticas inflacionárias, quantitative easing e expansão de base monetária. São os custos de se ter uma moeda sem lastro e ainda refém da reserva fracionária e das políticas do governo. Foram décadas de expansionismo, uma hora a conta chega. E essa hora está chegando… tic tac.

*O texto é de responsabilidade do autor.

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