O reflexo invisível do coronavírus nos mais pobres

Economia: Por Davi Carneiro*

Muitos falam de quedas, prejuízos e falências em meio à confusão econômica causada pela pandemia de coronavírus no mundo. De fato é uma situação preocupante que certamente trará consequências ruins não só à economia, mas à situação humana de todos os cidadãos.

Contudo há uma consequência que parece estar sendo ignorada pela maioria dos economistas, políticos e veículos de mídia, que é a conseqüência no longo prazo. E infelizmente, o cenário no longo prazo consegue ser pior.

Isso se deve ao fato das medidas que estão sendo feitas pelos países para solucionar o problema no curto prazo. Países como Brasil, EUA, China, Europa estão injetando trilhões em suas economias para tentar salvar os empresários e empregados de uma crise, só que o resultado disso é exatamente o inverso.

Ao se injetar crédito na economia, governos causam inflação e aumentam a desigualdade social. Em fato, o chamado Efeito Cantillon, que mostra que em uma economia que recebe injeção de crédito, o crédito ajuda quem o recebe primeiro, e prejudica quem recebe por último. No caso, os mais pobres sempre recebem por último. Resumidamente, inflação funciona, na prática, como imposto nos pobres, aumentando a desigualdade social.

Porém se olharmos em um longo prazo maior, o cenário consegue ficar pior. Visto que já temos mercados extremamente sensíveis devido à bolha econômica que vem sendo criada desde a Crise de 2008. Essa nova injeção apenas posterga e piora o estouro inevitável da bolha. Como observado, nos últimos dias houve aumento das bolsas em resposta à injeção, mas não se enganem, quanto mais alto, maior a queda.

Quando a crise estourar, não serão apenas os acionistas e grandes empresários que sofrerão com ela, todos irão. Desemprego, inflação, alta de juros, dívidas… governos tentam resolver as coisas, mas no final sempre as pioram. E os mais afetados serão sempre eu e você.

*O texto é de responsabilidade do autor.

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