Mais de um milhão de mineiros podem ser colocados em risco caso haja o retorno das aulas presenciais no estado, aponta estudo da Fundação Oswaldo Cruz “Fiocruz”.
Por meio de dados do IBGE, o levantamento contabilizou o total de adultos com comorbidades e de idosos que residem com pelo menos uma pessoa em idade escolar, de 3 a 17 anos.
O estudo não leva em consideração outras pessoas envolvidas na atividade escolar, como professores, inspetores, faxineiros, cantineiros e demais profissionais – o que torna o número de pessoas em risco ainda maior. Até esta segunda-feira (27), Minas Gerais já tinha mais de 113 mil casos de Covid-19, com 2.461 mortes.
Minas Gerais é o segundo estado do país com maior número de pessoas que podem ficar em situação de risco com o retorno das aulas. No total, são cerca de 403 mil adultos de 18 a 59 anos com diabetes ou doenças do coração ou do pulmão que residem em Minas Gerais no mesmo domicílio de um menor de 3 a 17 anos; além de cerca de 622 mil idosos, de 60 anos ou mais, com comorbidades ou não, que estão na mesma situação.
A infectologista e mestre em saúde pública, Luana Araújo, classifica o retorno das aulas presenciais como “um risco adicional que não sabemos se vale a pena ser corrido”.
“A situação é mais complexa que aglomeração de crianças. Tem todo um contexto de transporte, contato com adultos. O nosso sistema de saúde ainda está bem sobrecarregado, sem perspectiva de descida da curva. Retomar as aulas presenciais é uma decisão complexa, com efeitos que ainda não compreendemos bem e em uma situação que a saúde pública provavelmente tenha dificuldade de suportar acréscimos”, defende.
Araújo ainda destaca como a retomada das aulas trará diferentes impactos para alunos da rede pública e da particular. “As crianças de situação socioeconômica mais frágeis ficarão muito mais vulneráveis, já que moram em residências menores, dependem de transporte público, têm menos acesso ao sistema de saúde. Envolve muito mais que só as famílias envolvidas, mas todo o contexto social”, completa.
Informações sobre a transmissibilidade da doença entre crianças também deve ser um fator que, para Araújo, deve ser observado com cautela. “Um estudo sério mostra que crianças abaixo de dez anos seriam transmissores pouco eficientes de Covid-19, mas que adolescentes entre 10 e 15 já transmitiriam a doença de forma semelhante a um adulto. Ainda estamos aprendendo como a doença funciona, mas isso deve ser levado em consideração”, conclui.
Desde maio, a rede estadual de ensino de Minas Gerais está oferecendo aulas para os alunos via televisão e Internet. Apesar dos rumores, ainda não há previsão de retorno para as atividades presenciais.
Com informações: Jornal Estado de Minas.