Lago de Furnas, o “Mar de Minas”, dá lugar a pasto e lama com crise hídrica

O Lago de Furnas, considerado o “Mar de Minas”, é a maior extensão de água no Estado de Minas Gerais e um dos maiores lagos artificiais do mundo. Mas, por conta da crise hídrica o cenário está modificado. Onde antes havia peixes, pescadores, motos aquáticas, lanchas e água em abundância, hoje só há cavalos e vacas.

Lago de Furnas fica esvaziado em meio a forte crise hídrica. Foto: Joel Silva /Fotoarena/Folhapress)

Devido à estiagem, a água recuou até oito quilômetros em algumas cidades banhadas pelo lago, o que fez com que píeres de pousadas e hotéis ficassem sem utilidade, num cenário que parece estar longe de terminar.

O volume útil de Furnas, que entidades e o setor turístico apontam que deveria ficar acima de 55% para não prejudicar as atividades econômicas, estava em 29,77% na terça-feira (29).

O nível atual da água é de 757,4 m acima do nível do mar, 4,6 m abaixo do mínimo desejado, de acordo com a Alago (Associação dos Municípios do Lago de Furnas) e o comitê da bacia hidrográfica do lago.

“A cada dia está pior a situação e, com a crise energética, tende a piorar ainda mais. São quase cinco metros abaixo do nível mínimo, o que é muito. A cota de 762 m é o aceitável para atender a maioria das atividades econômicas, além da produção de energia”, afirmou Fausto Costa, secretário-executivo da Alago e vice-presidente do comitê da bacia.

Segundo ele, a irrigação, tanto de grandes fazendas quanto de agricultores familiares, é um dos setores prejudicados, além de piscicultura, clubes náuticos, hotelaria e o setor de bares e restaurantes.

Estimativas de associações ligadas ao turismo e ao comércio apontam que o total de empresas atingidas com a seca de Furnas chega a 5.000, com 20 mil empregos a menos no setor, que já sofre prejuízo desde 2020 com a pandemia da Covid-19.

O problema na economia das cidades ocorre porque o lago vai do sul ao oeste de Minas Gerais, com localidades que ficam a mais de 100 quilômetros de distância da barragem. Isso faz com que ele atinja áreas planas e também montanhosas -daí o apelido de “Mar de Minas”.

Nas áreas planas, em cidades como Varginha, Fama, Alfenas, Areado, Carmo do Rio Claro, Cristais, Formiga e Campo do Meio, há prejuízos mais significativos.

Enquanto isso, a região mais próxima à barragem, que contempla locais como Capitólio –que se tornou nos últimos anos a principal cidade turística da região –, São José da Barra e São João Batista do Glória, entre outras cidades, não sofre tanto.

Furnas teve a barragem concluída em 1963 e foi responsável por desenvolver o turismo e a economia de forma geral nas 34 cidades banhadas pelo lago. Os municípios recebem também royalties de forma proporcional à área alagada pela represa.

Apesar do cenário crítico, o nível do reservatório já esteve em situações piores, como em 1999, quando ficou com apenas 6,28%. Em fevereiro de 2015, alcançou 10,6% do total.

Lago de Furnas em nível normal. Foto: Alago.

Com informações: O Tempo.

Confira vídeo do governador de Minas, Romeu Zema, no Lago de Furnas.

 

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